Irlanda convida FIA Girls on Track Brasil para apresentar suas realizações e metodologia de trabalho; País deve participar do More Than Equal, projeto focado na competitividade justa
Realizado na semana passada em Paris, o encontro anual da FIA The Women In Motorsport Commission (FIA WIM), a comissão feminina da Federação Internacional de Automobilismo, reuniu suas participantes, entre as quais está Bia Figueiredo, representante brasileira desde 2022, para trocar ideias, traçar estratégias e compartilhar experiências com comissões femininas de cerca de 20 países, incluindo a do Brasil.
“É um evento importante em termos de relacionamento e para ganharmos experiência. E também nos dá uma perspectiva da dimensão do trabalho que estamos fazendo no Brasil com o FIA Girls on Track. Por mais que ainda estejamos longe do que buscamos alcançar em efetiva participação de mulheres trabalhando no automobilismo, percebemos que estamos à frente de vários outros países. Isso nos estimula ainda mais”, diz Bia Figueiredo, presidente da CFA (Comissão Feminina de Automobilismo) criada por Giovanni Guerra, presidente da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo).
Uma das decorrências do intercâmbio entre Bia, a especialista em marketing esportivo Bruna Frazão e a engenheira Rachel Loh, que integram a CFA, com as participantes do encontro deve ser a apresentação do trabalho da comissão brasileira com o FIA Girls on Track para a comissão feminina de automobilismo da Irlanda, a convite dela.
“Os projetos do Brasil servem de modelo, de exemplo para outros lugares do mundo. Já se notou isso no FIA American Congress, em agosto, em Lima, em que a Bia foi convidada para falar sobre o assunto”, comenta Bruna Frazão. Também chama a atenção a maciça participação brasileira no Programa de Mentoria para Mulheres no Automobilismo, lançado pela FIA em junho, que teve 800 inscritas e 300 selecionadas.
“Essas coisas não atenuam nossos desafios, mas é um retorno gratificante ver que meninas e mulheres do Brasil estão empenhadas em conquistar seu espaço no motorsport e perceber que o mundo está acompanhando o que estamos fazendo”, ela completa.
Outras interações importantes se deram com Helena Hicks, da Females in Motorsports, plataforma sobre automobilismo feminino mantida por voluntárias, e com o More Than Equal, projeto criado pelo ex-piloto David Coulthard e pelo empresário Karel Komarek, focado na competitividade justa, que deve vir a resultar em resoluções técnicas, como, por exemplo, tamanhos diferentes de chassis para carros pilotados por homens ou mulheres.
“Conversamos bastante com a Karen Webb Moss e a Kate Beaven sobre ações conjuntas para o futuro”, conta Rachel Loh.
Do ponto de vista esportivo, o papo entre Bia, Rachel e Bruna com a pilota turca de rally Burcu Çetinkaya, presidente da FIA WIM, girou em torno do Sertões. A ideia é trazê-la para disputar a maior competição off-road nacional.
“Por enquanto foi uma sugestão durante um jantar. Começou em tom de brincadeira, mas, quem sabe não se torna realidade?”, diz Bia, que recentemente participou de um dia de prova na edição 2024 do rally.
Trabalhos desenvolvidos no Brasil com pilotos portadores de deficiência também foram tema de conversa com Sara Mariani, diretora de sustentabilidade, diversidade e inclusão da FIA, área à qual atualmente está vinculada a FIA WIM. “Esse assunto extrapola nosso trabalho, mas é uma satisfação mostrar que nosso automobilismo vem se empenhando pela inclusão”, conclui Rachel Loh.