O Autódromo Oscar y Juan Gálvez, o mais tradicional palco do automobilismo argentino, mostrou mais uma vez ser o cenário ideal para drama e superação como ingredientes do esporte a motor. A primeira corrida da TCR South America Banco BRB foi movimentada desde o início. No final, prevaleceu o brasileiro Galid Osman, com o CUPRA #77, após se defender de pressão do argentino Matías Cravero a bordo do Honda. Em terceiro, também depois de se defender com precisão, terminou o argentino Juan Ángel Rosso com o Toyota preparado pela Paladini Racing. O pódio com duas nacionalidades diferentes e três montadoras, cada uma fornecendo para uma equipe, ilustrou mais uma vez a competitividade do conceito TCR.
Mas o nome do dia foi de um competidor que não levou trofeu para casa. Pedro Cardoso mostrou grande maturidade e saiu de último para terminar em quinto, numa das mais marcantes escaladas dos quatro anos de história do campeonato. O piloto do Peugeot #43 preparado pela PMO Racing carregou punições desde a etapa passada e ainda teve que trocar o motor de seu carro. Mas foi agressivo e preciso durante todo o sábado.
A nota negativa ficou para Raphael Reis, o único piloto do grid a competir em todas as corridas da história do campeonato. Credenciado para o título do TCR Brasil, o brasiliense largou em quinto, foi tocado na primeira volta, tratou de recuperar terreno, mas novamente foi tocado no fim da corrida forçando o CUPRA #77 a se recolher para os pits antes da bandeirada.
A liderança do campeonato sul-americano segue com Pedro Cardoso, agora com 355 pontos. Reis é segundo com 324, e Casella terceiro, com 319.Já pelo Brasileiro, quem assumiu a dianteira na tabela de pontos foi Rosso, com margem de dois tentos sobre Cardoso (241 x 239).
Neste domingo acontece a corrida de 25 minutos cujo grid de largada é estabelecido pelo resultado do quali. Assim a pole fica com Cravero, que terá ao seu lado o Peugeot de Leonel Pernía. Na segunda fila partem Casella e Cardoso, nesta ordem. Depois vão alinhar Matías Rossi, Reis, Rosso, Rafa Suzuki, Galid e Marcos Regadas, o vencedor da corrida de sábado na Copa Trophy.
A corrida
Matias Rossi ficou parado no grid e não conseguiu sair para a volta de apresentação.
Quando a luz vermelha apagou, determinando o início da prova, o pole Marcos Regadas não reagiu tão bem quanto Galid Osman e Juan Angel Rosso. Então na saída da curva 1 Raphael Reis foi tocado para fora da pista. Em incidentes separados, Fabio Casagrande e Lionel Pernia também tiveram contato.
Ao término da primeira volta, a liderança era de Galid, seguido por Rosso, Matias Cravero, Regadas e Juan Manuel Casella. Pedro Cardoso escalou do fundo do grid para 11º na volta inicial.
Na volta 3, Cravero passou Rosso, enquanto Regadas era pressionado por Casella. Cardoso já aparecia em nono.A pressão do uruguaio sobre Regadas surtiu efeito na volta 5, a mesma em que Jose Maria Lopez passou Thiago Vivacqua pelo sexto posto.
Cravero enquadrou Galid na abertura da volta 9. Eles tinham margem de cerca de 3s sobre Rosso, que tinha quase 1s de vantagem para Casella. Regadas sustentava a última posição do top5, focado em sua missão de vencer na Copa Trophy.
E Cardoso mantinha sua escalada ao passar o mexicano Jake Cosio na volta 9. Na seguinte, ela passou também Pechito Lopez e Vicacqua, avançando para sexto.
Na metade da corrida, Casella alcançou Rosso e abriu ataque ao Toyota. Regadas tentava acompanhar à distância, mas era novamente Cardoso o mais veloz da pista, buscando seu companheiro da PMO Racing.
Galid controlou Cravero a meio segundo de seu carro até a abertura da volta 14, quando o argentino abriu ataque na tomada das duas velozes curvas 1 e 2. O primeiro campeão do TCR Brasil deixou o lado de fora ao concorrente, que não conseguia traduzir em ultrapassagem a maior velocidade de seu Honda contra o CUPRA do brasileiro. Dinâmica similar se repetia atrás deles, com Rosso se defendendo com astúcia do assédio de Casella.
Cardoso passou Regadas na reta Oposta na volta 16, assumindo o quinto lugar.
Quando a regressiva apontava menos de 4 minutos para a abertura da volta final, Galid conseguiu um refresco em sua defesa da liderança, com margem superior a 1s sobre Cravero. Da mesma maneira, Rosso tinha essa diferença para Casella. E este 0.8s para Cardoso, o maior escalador do dia.
Na volta 22, o que estava difícil para Reis ficou ainda mais complicado. Ele atacou Lopez pelo 11º lugar e os carros fizeram contato. O CUPRA #77 apareceu fumando algumas curvas mais tarde e foi forçado a recolher para o box da equipe W2 ProGP.
Com autoridade, Galid levou o CUPRA #28 na ponta até a bandeirada para vencer em Buenos Aires, ganhando pela primeira vez no ano. Cravero terminou em segundo, com Rosso em terceiro em um pódio de três montadoras distintas: CUPRA, Honda e Toyota. Casella e Cardoso completaram o top5. Em sexto, Regadas venceu pela Trophy.
O que eles disseram:
“Estou muito feliz, continuamos vivos na disputa pelo título brasileiro. Foi uma corrida muito difícil, o (Matías) Cravero tinha um ritmo muito melhor que o meu nos treinos e na classificação. Quando o vi em segundo, achei que não ia dar. Mas dei tudo de mim, me concentrei e não cometi nenhum erro. Vencemos mais uma este ano, estou muito feliz. Agora é fazer contas para amanhã para, se Deus quiser, tentar esse bicampeonato no TCR Brasil.”
Galid Osman
“Estou muito contente por ter começado tão atrás e ter conseguido terminar em segundo. Ele (Galid Osman) estava muito rápido e eu perdi um pouco de ritmo, mas estou mais do que satisfeito com este resultado e o nosso objetivo é amanhã. Amanhã partimos da pole position. Já nos medimos hoje, sabemos que temos um grande carro, um bom ritmo. Agora temos de esperar pelo dia de amanhã e tentar desfrutar”
Matías Cravero
“Estou em primeiro lugar no campeonato brasileiro, mas vai ser muito difícil ganhar. Amanhã é a corrida com mais pontos e as minhas condições de pista hoje não eram boas. A verdade é que acabámos por fazer um grande pódio porque começámos bem e depois conseguimos aguentar o (Juan Manuel) Casella. O carro tem um bom ritmo, mas a carga frontal não é boa e não consigo fazer bem as curvas. No resto do circuito defendi bem, mas a curva 1 é uma grande vantagem hoje e estamos em desvantagem.”
Juan Ángel Rosso
“Pontos, pontos, pontos: era o objetivo do fim de semana. Começamos em sétimo por causa do grid invertido. Não vi as luzes, não sei o que fiz, já não me acontecia há muito tempo, e acho que fiquei em 10º ou 11º. Consegui voltar e terminar em quarto no Sul-Americano e em terceiro no Brasileiro. Um pequeno troféu para levantar o ânimo. Estou contente, agora vou festejar, jantar tranquilamente e descansar para amanhã”
Juan Manuel Casella
“Com certeza foi uma corrida extremamente positiva para a gente. Largamos da última posição e chegar no top5 não poderia ser melhor. Agora é descansar e concentrar para terminar o trabalho amanhã. Se terminar na frente do Rosso seremos campeões do TCR Brasil, então vamos cuidar do carro e fazer o necessário”
Pedro Cardoso
“Acho que a gente tava querendo focar no campeonato da Trophy. Então não quis arriscar nada, sempre que chegava alguém eu abria para passar. Meu foco é o Brasileiro e acho que hoje fizemos uma boa prova pensando nos pontos. Tinha um carro com ritmo dos líderes, mas não queria forçar e tomar riscos desnecessários”
Marcos Regadas
Cronograma – TCR South America Banco BRB – Buenos Aires, Argentina
Domingo, 6 de outubro:
10:19 – Corrida 2 (30 minutos + 1 volta)